O dia 16 de
junho tornou-se a data em que se esgotaram os recursos naturais referentes ao
ano de 2018 para os portugueses.
Significa isto
que Portugal vai começar a viver a crédito, consumindo já o que apenas deveria
começar a consumir em 1 de janeiro de 2019.
Se cada pessoa
no planeta vivesse como uma pessoa média portuguesa, "a humanidade
exigiria o equivalente a 2,19 planetas para sustentar as suas necessidades de
recursos", o que implicaria que "a área produtiva disponível para
regenerar recursos e absorver resíduos a nível mundial esgotar-se-ia no dia 16
de junho".
A nossa pegada 'per capita' é de 3,69 hectares
globais, mas a nossa biocapacidade é de 1,27 hectares globais, com base em
dados revistos para toda a série histórica desde 1961", escreveu a Zero,
num comunicado.
Portugal é o 69º
país do mundo com maior pegada ecológica por pessoa.
E o
que é isto da pegada ecológica? é uma expressão traduzida do inglês ecological
footprint
e
refere-se, à quantidade de terra e água que seria necessária para sustentar as
gerações atuais, tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos,
gastos por uma determinada população. A pegada ecológica é
atualmente usada ao redor do mundo como um indicador de sustentabilidade ambiental. Pode
ser usado para medir e gerenciar o uso de recursos através da economia. É
comumente usado para explorar a sustentabilidade do estilo de vida de
indivíduos, produtos e serviços, organizações, setores industriais,
vizinhanças, cidades, regiões e nações. A pegada ecológica de uma população tecnologicamente avançada
é, em geral, maior do que a de uma população subdesenvolvida.
O
consumo de alimentos (32% da pegada global do país) e a mobilidade (18%)
encontram-se entre as atividades humanas diárias que mais contribuem para a
pegada ecológica portuguesa
e são "pontos críticos para intervenções de mitigação da pegada".
A data é cada
vez mais precoce: em 2005, o homem começava a explorar as reservas do planeta
só a partir de setembro. Em 1975, os recursos renovados a cada ano terminavam
apenas em novembro. A vertigem do consumo é cada vez maior e a humanidade, vive
cada vez mais tempo "a crédito", com a dívida ecológica a crescer e a
tomar proporções preocupantes. A desflorestação, escassas reservas de água,
poluição e o efeito de estufa são o preço que o Homem já está a pagar pelo
consumo desenfreado dos recursos terrestres, num ciclo vicioso que, daqui em
diante, só pode piorar caso não sejam tomadas medidas urgentes.
E o que podemos fazer para mudar isso? A ONU criou uma
definição do que é o desenvolvimento sustentável, no qual estabelece objetivos
que permitiram satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade
das gerações futuras em satisfazer as suas necessidades.
Nasceram 17 objetivos
que podem ajudar a um desenvolvimento sustentável e reduzir a dependência do
crédito ecológico:
1-Acabar com a
pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares.
2-Acabar com a
fome, alcançar a segurança alimentar e a melhoria da nutrição e promover a
agricultura sustentável.
3-Garantir uma
vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
4-Garantir uma
educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para todos.
5-Alcançar a
igualdade de género e capacitar todas as mulheres e raparigas.
6-Garantir a
disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos.
7-Garantir o
acesso à energia fiável, sustentável, moderna e a preço acessível para todos.
8-Promover o
crescimento económico sustentado, inclusivo e sustentável, o emprego pleno e
produtivo e o trabalho digno para todos.
9-Construir
infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e
sustentável e fomentar a inovação.
10-Reduzir a
desigualdade dentro dos países e entre eles.
11-Tornar as cidades
e os povoamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
12-Garantir
padrões de produção e de consumo sustentáveis.
13-Tomar medidas
urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactes.
14-Conservar e
utilizar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos, para
o desenvolvimento sustentável.
15-Proteger,
recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir as
florestas de forma sustentável, combater a desertificação, travar e reverter a
degradação dos solos e estancar a perda de biodiversidade.
16-Promover
sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável,
proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes,
responsáveis e inclusivas a todos os níveis.
17-Fortalecer os
meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento
sustentável.
Se todos colaborarmos, certamente os problemas podem ser mitigados.
E não devemos pensar que se o vizinho não faz eu não vou fazer… Vamos
pensar nos bons exemplos e replicar, como por exemplo a atitude dos adeptos do
Japão que no fim do jogo limparam as bancadas de detritos, e que já fez mudar
algumas mentalidades e muitas pessoas já replicaram o seu exemplo.
Um planeta melhor, um Portugal sustentável, depende de um pequeno gesto de
cada vez…
Ricardo Joel
Santos